Impermeabilização


Os romanos e os incas já empregavam albumina (clara de ovo, sangue, óleos, etc.) para impermeabilizar saunas e aquedutos.

Também no Brasil, nas cidades históricas, existem igrejas e pontes em perfeito estado de conservação, nas quais a argamassa de assentamento das pedras foi aditivada com óleo de baleia, utilizado como plastificante, visando a obtenção de estruturas menos permeáveis.

 Atualmente, dispomos de produtos desenvolvidos especialmente para evitar a ação indesejada da água. Com o auxílio de tais produtos, a impermeabilização representa uma pequena fração do custo e do volume de uma obra, quando planejada anteriormente. 

O ideal, como já vimos, é incluí-la no projeto, prevendo seu peso, espessura, caimento e encaixes, além de detalhar sua localização exata, em sintonia com os projetos hidráulicos, elétricos, ar condicionado e paisagismo. Fazer a impermeabilização durante a obra é mais fácil e econômico do que executá-la posteriormente quando surgirem os inevitáveis problemas com a umidade, tornando os ambientes insalubres e com aspecto desagradável, apresentando eflorescências, manchas, bolores, oxidação das armaduras, etc.

 A impermeabilização contribui para a saúde pública, pois torna os ambientes salubres e mais adequados à prevenção de doenças respiratórias.

. Impermeabilização

1.1 - Objetivo Proteção da construção contra a passagem de fluidos (água e gases), proporcionando a salubridade dos ambientes, tendo em vista a segurança e o conforto do usuário, de forma a ser garantida a estanqueidade das partes construtivas que a requeiram. 

1.2 - Importância 

As principais funções da impermeabilização são: 
- Aumentar a vida útil das estruturas; 
- Impedir a corrosão das armaduras do concreto; 
- Proteger as superfícies da umidade, manchas, fungos, etc. 
- Ambientes salubres; 
- Preservar o patrimônio contra o intemperismo.

1.3 - Infiltração de água em construção por capilaridade e percolação

A água existente no solo pode subir pelas paredes até quase 1 metro. Isso faz a pintura descascar, o reboco soltar-se e surgir o mofo. Não adianta pintar por cima porque a umidade logo volta. Por isso, há alguns anos, quando não havia impermeabilizantes, as edificações eram providas de porões, cuja finalidade principal era a de confinar a umidade proveniente do solo, impedindo-a de atingir o interior das habitações.

Percolação

 Chama-se percolação à passagem de água através de um corpo por transmissão de grão a grão. No caso da alvenaria, a água encharca um grão, que por sua vez vai encharcar o grão seguinte, até atravessar toda a parede.  

Eflorescências

 As eflorescências aparecem quando a água atravessa uma estrutura que contém sais solúveis como os nitratos alcalinos, carbonato de cálcio, sulfatos, sais de ferro sulfoaluminato. Esses sais podem estar nos tijolos, no cimento, na areia, na argamassa e na cal. Em contato com a umidade vinda através das paredes, esses sais são carregados pelas paredes e fazem aparecer manchas, bolhas, descolamento ou descoramento da pintura. Nas paredes, os sais formam uma mistura branca. Nas estruturas, conforme o lume dessa mistura branca, chegam formar as estalactites. Quando estão entre o reboco e a parede, as eflorescências facilitam a subida da umidade, o que irá aumentar o descolamento do reboco. Não basta uma nova pintura para resolver esse problema. É necessário retirar o reboco antigo e fazer um novo reboco com argamassa impermeabilizante, antes de refazer a pintura, lembrando que devemos fazer um tratamento na estrutura.

1.4 - Normas Técnicas

 Os produtos devem ser fabricados segundo normas, pois padronizam-se ensaios, resultados, critérios, etc. É também uma garantia a mais para o consumidor, pois ele sabe que determinado produto segue o mínimo de exigências. As normas são elaboradas por Comissões de Estudos (CE) e supervisionadas pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

 As CE’s são compostas por representantes de indústrias (Produtores), Consumidores (construtores, engenheiros, arquitetos, tecnólogos, consumidor final, etc), Neutros (laboratórios, projetistas, pesquisadores, entidades de classe como CREA, etc). 

As principais normas técnicas referentes à impermeabilização são:

 NBR 9574/1986: Execução de impermeabilização Procedimento.

 NBR 9575/2003: Impermeabilização – Seleção e Projeto.

 NBR 9686/1986: Solução asfáltica empregada como material de imprimação na impermeabilização.

 NBR 9952/1998: Manta asfáltica com armadura para impermeabilização - Requisitos e Métodos de Ensaio. 

 NBR 11905/1995: Sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros.

 NBR 13321/1995: Membrana acrílica com armadura para impermeabilização - Especificação.

 NBR 13532/1995: Elaboração de projetos de edificações - Arquitetura.

 NBR 13724/1996: Membrana asfáltica para impermeabilização com estruturante, aplicada à quente.

 Algumas destas normas encontram-se em revisão. Outras referências bibliográficas: NBR 6118/2003 - Projeto de Estrutura de Concreto.

1.5 - Projeto de Impermeabilização

 O projeto básico de impermeabilização deve ser realizado para obras de edificações multifamiliares, comerciais e mistas, industriais, bem como para túneis, barragens e obras de arte, pelo mesmo profissional ou empresa responsável pelo projeto legal de arquitetura, conforme definido na NBR 13532 - Elaboração de Projetos de Edificações - Arquitetura.

 O projeto executivo de impermeabilização, bem como os serviços decorrentes deste projeto, devem ser realizados por profissionais legalmente habilitados no CREA ou CFT, com qualificação para exercer esta atividade.

 O responsável técnico pela execução deve obedecer a esse projeto de forma integral. Em todas as peças gráficas e descritivas (projetos básico, executivo e realizado), devem constar os dados do profissional responsável junto ao CREA ou CFT, bem como a correspondente Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

 O projeto de impermeabilização deve ser desenvolvido juntamente com o projeto geral e os projetos setoriais, prevendo-se as correspondentes especificações em termos de dimensões, cargas, cargas de testes e detalhes. O projeto deve ser constituído de: memorial descritivo e justificativo, desenhos e detalhes específicos, além das especificações dos materiais e dos serviços a serem empregados e realizados.

Para a elaboração do projeto devemos considerar:

 a) A estrutura a ser impermeabilizada Tipo e finalidade da estrutura, deformações previstas e posicionamento das juntas.

b) As condições externas às estruturas Solicitações impostas às estruturas pela água, as impermeabilizações, detalhes construtivos, projetos interferentes com a impermeabilização e análise de custos X durabilidade. 


1.6 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Ferramentas

 Equipamentos de Proteção Individual Botas, luvas (PVC ou borracha), capacetes, óculos de segurança, máscaras de proteção (para aplicação de “primer” e produtos à base de solvente) e uniformes (calças compridas e mangas compridas).

Ferramentas

 Desempenadeira, colher de pedreiro, broxa, trincha e pincel largo, vassoura ou vassourão de pêlo macio, rolo para pintura e maçarico.